| Por Mônica Horta |
Todo dia seis de janeiro a humanidade homenageia, e se recorda, de três homens que cerca de dois mil anos atrás teriam atravessado um deserto por causa de uma estrela que brilhava mais que as outras. E não eram homens comuns. Diz a tradição que eram reis. Mais do que reis: eram magos.
No final de 2013, a editora Matrix publicou trabalho do pesquisador americano Brent Landau, que durante seu programa de doutorado na Universidade de Harvard se dedicou a traduzir do siríaco (língua usada por cristãos antigos em todo Oriente Médio e na Ásia) a Revelação dos Magos , um dos textos apócrifos (sem origem conhecida) que foram copiados por um monge anônimo no final do século VIII e levados para Roma, onde estão até hoje.
A história, narrada em primeira pessoa, começa no Jardim do Éden.
Conta que eles eram membros de uma antiga ordem mística e que vieram de uma terra chamada SHIR, localizada no extremo oriente do mundo.
A Revelação dos Magos diz que esses indivíduos são chamados de “Magos” na língua do seu país porque “rezam em silêncio”.
Seriam descendentes de Sete, o terceiro filho de Adão e Eva, que lhes deixou uma profecia:
“Uma estrela de brilho indescritível aparecerá um dia, assinalando o nascimento de Deus em forma humana.”
Por milhares de anos, a ordem dos Magos esperou a chegada desta estrela. Eles subiam a Montanha das Vitórias, a mais sagrada de seu país, e rezavam em silêncio na boca da Caverna dos Tesouros dos Mistérios Ocultos.
Um dia, a tal estrela apareceu no céu. Como prometido, ela era indescritivelmente brilhante. Porém, como só os magos eram dignos de guardar a profecia, a estrela não poderia ser vista por mais ninguém.
A estrela desceu e entrou na caverna dos tesouros. Os Magos se curvaram diante dela e viram sua luz gradualmente se dissipar e revelar um pequeno e luminoso humano.
Esse “menino-estrela” revelou aos magos que era o filho de Deus, mas nunca chamou a si mesmo pelos nomes de Cristo ou de Jesus.
A criança-estrela os instruiu a seguirem-na até Jerusalém, para que eles pudessem testemunhar o seu nascimento e participar da salvação que Deus planejou para o mundo inteiro.
Quando descem da montanha, os magos descobrem “que cada um deles viu a criança-estrela de forma diferente, como se cada uma das visões representasse um momento diferente da vida de Cristo.”
A estrela os conduz a uma caverna perto de Belém e se transforma numa criança luminosa e “falante” acompanhada por anjos invisíveis.
O menino conta aos magos que seus antigos mistérios finalmente se cumpriram e os encarrega de se tornarem testemunhas dele e de seu Evangelho para o povo de sua terra natal.
Uma das mais notáveis características da Revelação dos Magos é a forma cuidadosa como evita o nome “Jesus Cristo” para designar o guia celestial dos magos.
De acordo com o autor, a mensagem cristã fundamental não é que Cristo foi enviado para salvar a humanidade.
O livro afirma que a revelação de Cristo é, de fato, a fundação de todas as crenças e práticas religiosas da humanidade.
Observando a história dessa forma, dá para acreditar que lampejos de Cristo foram tidos no passado por alguns dos maiores filósofos pagãos. Platão, por exemplo, quando diz do Timeu:
“De todas as especulações que atualmente se podem fazer sobre o mundo, nenhuma teria sido possível se os homens não tivessem visto nem os astros, nem o sol, nem o céu. O motivo pelo qual Deus criou a visão foi seu pré conhecimento de que, tendo nós humanos observado os movimentos periódicos e regulares da inteligência divina nos céus, poderíamos fazer uso deles em nós mesmos: tendo estudado a fundo esses movimentos celestes, que são partícipes da retidão da inteligência divina, poderemos então ordenar por eles nossos próprios pensamentos, os quais, deixados a si mesmos, não cessam de errar.”
Mônica Horta é jornalista e astróloga. Já escreveu para grandes veículos de comunicação, com coluna regular sobre astrologia em portais da internet. contato: horta.monica@gmail.com